quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Não Sou Eu... Não Sou...

Estava eu em mais um de meus dias normais. Como sempre atrás de meu sorriso, ocultava-se a tristeza que se esconde dentro de mim. Eu estava com sono e sentada preguiçosamente naquele mesmo banco que eu sento todas as manhãs. É um lugar agradável... Não muito sol, nem muita sombra e uma brisa leve batendo no rosto. Meus amigos não haviam chegado ainda, então aproveitei aquela calmaria para curtir o momento... Sim, o momento que eu tanto aprecio, o momento em que debato comigo mesma, sobre minha vida, sobre meus sentimentos e aquele tanto de coisas insanas que passam pela minha cabeça.
Apenas fechei os olhos e permaneci recostada naquele banco, sentindo o sol da manhã banhar-me delicadamente. Senti alguém se aproximando... Não tive muitas esperanças. Imaginei que fosse um dos amigos que eu esperava, pois assim que eles chegassem, a rotina se recolocaria nos trilhos e meu dia seria igual a todos (amo meus amigos, e sou grata pela companhia de todos, mas que meu dia é um saco, isso é!). Bem, alguém se aproximava... abri os olhos lentamente como quem já espera por algo conhecido. E que espanto! Nossa, nem sei que cara eu devo ter feito, mas pude sentir como centenas de espinhos atravessassem meu coração simultâneamente (assim que me sinto toda vez), meu coração por sua vez, traiu-me, batendo fortemente...era Ela! E espero que ela não tenha escutado a escola de samba que agitava-se em meu peito (tum-tum-tum).
Eu não consegui dizer nada, como sempre, mas se dissesse, na certa diria besteira, como sempre. Foi ela quem começou dessa vez:

- Fazendo o que por aqui? Matando aula né dona Bia?- disse ela naquele tom encantador

-Haha, não, nada disso... acabei uma prova agora e só estou esperando meus amigos descerem... Mas e a senhora, hein dona N* o que fazes por aqui? - perguntei a ela com uma voz animada.

-Acabei uma prova também... - falou enquanto sentava-se ao meu lado.- Tá sozinha porquê?

-Ô menina difícil... já disse que estou esperando meu amigos - tentei acrescentar um tom bom humorado.

-Rsrs, tá neh... É que.. sei lá, você tem andado um pouco triste ultimamente...

-Nossa você notou!! Estou realmente impressionada! - Falei com um sorriso que não podia ser definido entre ironia e surpresa.

-É... você tem andado sossegada... não vejo mais você brincando por aí... você tá sempre assim, compenetrada em algo... Nem tem mais falado comigo, me feito rir...

-Porque você acha que é só é que tenho que ir falar com você? -disse com ar sincero- Olha, eu gosto muito de você... MESMO! Mas faça tua parte também né!

-Po, malz aí... eu tenho andado ocupada -(a desculpa de sempre)

-Sem problema... você tá aqui agora, não tá? Isso que importa... - depois de um tempo de silêncio, continuei - Você tem andado meio triste também... tá apaixonada né dona! - falei tentando esconder os ciúmes e mostrar um pouco de empolgação.

-Hm... eh... eu meio confusa... esse amor não me corresponde, e fico chateada porque é uma pessoa muito especial pra mim... sabe, ela mudou meus dias... Essa pessoa consegue me fazer sorrir em meio a tanta coisa...

-Sei como se sente... Tô passando pela mesma situação... Mas olha, num fica triste por isso não... Não quero ver você chateada por aí...

-Rsrs, pode deixar... Mas hein, também tá amando neh dona Bia!? Fala, que é?

-Ah... se eu te contasse... Mas prefiro não dizer, tah... não tô pronta pra dizer... - falei isso com os olhos tristes já, e meio magoados também.

A conversa parecia ter acabado por aí. Ela recostou-se também e enquanto sentia o contraste do sol e da brisa eu seu rosto, eu a contemplava discretamente... admirando cada curva de sua face... imaginando o quão maravilhoso seria poder beijar aquels lábios e tê-la nos braços...
Apareceu uma das amigas dela (estraga prazeres ¬¬) e a chamou de longe. E lá foi ela. Mais uma vez... parecia escapar entre meus dedos, algo que eu nunca toquei.

-Falôu Bia!
-Falôu...

E foi assim que acabou. Um único momento mágico que tive naquele dia. Apenas voltei a fechar os olhos e pensar. Como tem sorte a pessoa amada por ela... eu daria tudo para estar em seu lugar. Tudo porque, eu a amo perdidamente e enlouqueço na sua ausência, choro suas lágrimas e consigo facilmente me perder em seus olhos.
Deste fato que surge a tristeza oculta em mim. Não sou eu quem ela ama... Nunca serei. Não importa o quanto eu tente fazê-la feliz, nunca serei mais do que alguém que a faz rir nas horas vagas... não sorrir... mas rir...


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Diferente dos sentimentos expressos, os fatos e nomes desse texto são irreais.

6 comentários:

  1. uma bela e sutil confisao, gostei muito. estava com saudades daki.

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  2. As vezes ficamos a toa com os nossos pensamentos...perdemos a noção do tempo!!!
    Precisamos desse momento só com a gente...um momento de busca e reflexão!!!
    As vezes devemos nos isolar para colocarmos os sentimentos e pensamentos em ordem...o amor machuca tanto...que nos afastamos até de nós...dentro de nós fica um vazio...ficamos distantes e fora do nosso corpo!!!
    E então o melhor conselheiro é o tempo...só o tempo cura o que corrói!!!
    O amor é doce como o chocolate...mas é amargo como o café...depende da visão de ótica!!!
    Beijão menina

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  3. Muito bom o texto, fiquei compenetrada nele.
    Vc escreve estremamente bem.

    Beijo.

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  4. E quem sabe se não se amariam uma à outra, num silêncio sofrido de resignação......

    Blood Kisses

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  5. Gostei muito do texto...amor escondido no coração é doloroso, mas nessa história foi muito belo o sentimento de lamento.
    Quem sabe ambas não se amam e não falam por medo...

    bjs!

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  6. oh my god.. queria muito ue esses dois comentarios acima estivesses certos.

    Obrigada por tudo .

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